sexta-feira, 26 de junho de 2015

O Drone mais Popular do Mundo é um Imã para Pilotos Imprudentes.




Você leu algo sobre um drone ficou preso num prédio no centro da cidade de St. Louis? Ou sobre um drone que bateu num prédio no meio de Manhattan? Ou do tanto de gente que usou drones para registrar os fogos de artifício no 4 de julho, nos EUA? Ou do drone que foi expulso do espaço aéreo por causar o caos entre os fãs do Los Angeles Kings? Ou daquele fiasco completo com a polícia de Nova York há algumas semanas?

Todos esses casos foram reportados no mundo todo e tinham uma coisa em comum: o piloto estava colocando um pequeno drone branco para voar. Um drone que você pode comprar na Amazon por menos de 500 dólares.


É o DJI Phantom e é o drone que tornou a fabricante de Hong Kong na maior linha de produção de drones usados como hobby. Esses drones também estão causando dor de cabeça para os reguladores do governo, para a própria DJI, e para os veteranos do passatempo com drones, simplesmente porque ele é muito popular. Perdão pela franqueza, mas o problema agora é: como fazer com que essas pessoas não coloquem essas coisas no ar como um bando de idiotas?

Essa é a principal questão – o Phantom e o seu sucessor, o Phantom II, facilitaram tanto o acesso aos drones que, mesmo com um interesse passageiro pelo passatempo, muitas pessoas podem comprar um e podem aprender como controlá-lo em poucos minutos.

Ele se transformou no iPod dos drones. Se você imaginar um drone na sua mente não vai ser o Predator. Provavelmente surgirá o Phantom. Porra, até a Martha Stewart tem um.

E, nesse momento, não existe regulamento federal nos EUA sobre onde, quando e como você pode colocar um drone no ar. Assim, um monte de gente coloca esses trecos no ar do jeito que bem entender. Em muitos casos, isso significa “de forma insegura”.

As pessoas compram na Amazon e levam por aí sem ler o manual

“Eu acho que estamos vendo uma transição entre o passatempo e a popularização”, Eric Cheng, diretor de fotografia aérea da DJI, me disse. “Estamos trabalhando o máximo que podemos [para garantir que as pessoas controlem os drones com segurança]. É uma questão contínua de ajudar a educar os compradores de primeira viagem. É um diálogo entre os fabricantes e os legisladores. Estamos sendo proativos em construir uma infraestrutura na linha Phantom para ajudar as pessoas a voá-los da maneira mais segura possível.”

Realmente, o drone tem uma função “voltar para casa” em seu controle remoto – se o drone sai do perímetro ou se o piloto fica em uma situação complicada, o aparelho volta para o piloto e para seu lugar automaticamente de modo seguro. Semana passada, a DJI anunciou um sistema de paraquedas que abre automaticamente se um dos seus drones cai do céu (mas isso ainda não foi implantado no Phantom, apenas em outros modelos da empresa).

O Phantom vem com instruções de voo e manuais de alerta e um aviso em letras garrafais deixando claro que a responsabilidade é do piloto. Ele vem até com uma função de “não voe nessa área”, que detecta automaticamente áreas próximas de aeroportos, onde um drone não pode circular.

Essas funções de segurança são um grande passo à frente e é importante que a DJI as tenha colocado. Ainda assim, os pilotos do Phantom ainda aparecem nos noticiários toda semana.

Por um lado, é uma questão de números. O Phantom é de longe o drone mais popular dos EUA, pelo menos. A empresa não divulga exatamente o número de vendas, mas Cheng afirma que as vendas subiram entre 3 a 5 vezes a cada ano desde 2009. A gigante loja B&H Photo, em Nova York, indicou que vende 200 Phantoms por dia. Com tantos Phantoms por aí, era de se esperar que surgissem algumas maçãs podres.



Em segundo lugar, o Phantom está pronto para voar assim que o comprador o tira da caixa. E é isso que é tão chamativo nele, mas também contrasta diretamente com como o passamento tem funcionado desde seu início.

“É uma questão contínua de ajudar a educar os compradores de primeira viagem”, diz Cheng. “As pessoas compram na Amazon e levam por aí sem ler o manual.”

Tradicionalmente, se você queria controlar um helicóptero RC, você teria que construí-lo com um monte de peças. Durante todas as fases de montar o helicóptero, você o deixaria cair de baixas altitudes, aprendendo como é difícil colocar no ar essas coisas. E mais, se você o quebrasse, você perderia muito dinheiro e muito tempo dedicado à montagem. As pessoas tomavam mais cuidado.

“O Phantom é um bom produto que não foi pensado como um conjunto de um monte de peças que você acha nas lojas especializadas”, Michael Perry, um representante da DJI, me disse. “Ele tem tudo o que você precisa para colocar uma câmera no ar. Nós eliminamos várias etapas do desgaste que existia no passado. Pessoas normais podem colocá-lo no ar e deixá-lo pairando sem muita prática.”

E foi isso que fez os pilotos de Phantom se queimarem no meio da comunidade de drones. Sem dúvidas, é possível checar os fóruns dos entusiastas a qualquer horaque surge um incidente grave e achar pessoas opinando sobre os RTF – “pronto para voar”, na sigla em inglês – como algo pejorativo. A preocupação é de que a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) americana pode acabar com um hobby que existiu sem regulamentação e sem nenhum grande incidente por mais de 50 anos.

A empresa entende essa preocupação. “Eu acho que se você olhar para trás no lançamento de uma nova tecnologia, sempre existe uma resistência a sua popularização. Você sempre vai achar um grupo resistente, mas a longo prazo, os grupos se adaptam”, diz Cheng.

Em outras palavras, estamos vendo alguns veteranos comprando produtos mais sofisticados da DJI que cativam os pilotos mais experientes.

Mesmo assim, os veteranos não estão necessariamente errados. Não é culpa do Phantom, mas dos pilotos imprudentes. Alguém chegou perto de fazer um drone de consumo popular, que calhou de ser DJI. Quando um passatempo como esse sai de um nicho e passa a ser popular, legisladores vão se envolver de alguma forma.

A pergunta agora, assim como tem sido há anos, é o quão severa a repressão da FAA será. A DJI espera que a popularidade de seus drones ajude a FAA a reconhecer o valor dessas coisas.

“Nós conversamos com outros legisladores de outros países para criar guias de como você pode controlar e usar drones nos EUA”, disse Perry. “Obviamente o primeiro passo é definir um conjunto de regras. Nós conversamos com a FAA e foi uma conversa encorajadora, mas agora ainda há muita confusão.”

E aí, mais do que tudo, é que está o problema. Até existirem regras, as pessoas vão usar essas coisas onde quiserem, quando quiserem e como quiserem. E por algumas centenas de dólares, quem pode culpá-los?

Por: JASON KOEBLER
Via: Motherboard
Tradução: Letícia Naísa

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